Normal view MARC view ISBD view

Uma breve carta para um longo adeus / Peter Handke ; trad. Maria Adélia Silva Melo

Main Author Handke, Peter, 1942- Publication Lisboa : Difel, cop. 1972 Description 130 p. ; 23 cm Series Literatura estrangeira Abstract Ali, após todo o barulho anterior, havia um tal sossego que a pessoa pensava que estava a sonhar e esfregava os olhos. Olhava para trás praticamente a cada passo que dava. Pensei que o meu duplo me saltaria em cima por trás de cada barraca de chapa ondulada para me caçar! Eu não tinha o direito de ser o meu representante, eu tinha cometido uma fraude: ele voltava agora para tomar o seu lugar. Eu teria de me abandonar e deixar de estar à mão. De uma chaminé negra que servia de fogão, saiu de repente fuligem pela janela de um abarraca, um cão rastejou ao virar uma esquina. Eu era um aldrabão, tinha-me instalado no lugar de outra pessoa. O que é que eu podia fazer de mim? Eu era a mais: tinha entrado furtivamente em qualquer coisa, e fui apanhado. A pessoa ainda se podia salvar com um salto. Mas eu fiquei parado, com os punhos cerrados, disfarçado com o meu chapéu de palha.. Topical name Literatura austríaca CDU 830(436)
Tags from this library: No tags from this library for this title. Log in to add tags.
    average rating: 0.0 (0 votes)
Holdings
Item type Current location Call number Status Date due Barcode
Monografia Biblioteca Municipal de Ponte de Lima
830(436) HAND Available E00601002329

Prémio Nobel da Literatura 2019

Escritor austríaco, Peter Handke nasceu em Griffen a 6 de dezembro de 1942. A infância passou-a em Griffen, na Áustria, e em Berlim Leste. Fez o liceu num seminário católico e, em 1961, ingressou no curso de Direito da Universidade de Graz (Áustria)

Ali, após todo o barulho anterior, havia um tal sossego que a pessoa pensava que estava a sonhar e esfregava os olhos. Olhava para trás praticamente a cada passo que dava. Pensei que o meu duplo me saltaria em cima por trás de cada barraca de chapa ondulada para me caçar! Eu não tinha o direito de ser o meu representante, eu tinha cometido uma fraude: ele voltava agora para tomar o seu lugar. Eu teria de me abandonar e deixar de estar à mão. De uma chaminé negra que servia de fogão, saiu de repente fuligem pela janela de um abarraca, um cão rastejou ao virar uma esquina. Eu era um aldrabão, tinha-me instalado no lugar de outra pessoa. O que é que eu podia fazer de mim? Eu era a mais: tinha entrado furtivamente em qualquer coisa, e fui apanhado. A pessoa ainda se podia salvar com um salto. Mas eu fiquei parado, com os punhos cerrados, disfarçado com o meu chapéu de palha..

There are no comments for this item.

Log in to your account to post a comment.

Click on an image to view it in the image viewer