Documento em mau estado de conservação. Páginas desunidas da lombada. Sobrecapa da obra com rasgão.

«Terra por demais amada pelos que à sombra da sua velha ponte cresceram e que junto às margens do seu rio aprenderam a conhecer a vida. As brincadeiras das crianças naquela imaculado areal, as feiras com o seu bulício e colorido, os cavalinhos, a enorme feira de gado, as mulheres da fruta (esse enorme pomar dos meninos sem quintal)... que correria no fim da escola!
Os primeiros namoricos que tinham a sombra dos plátanos por confidente e a proteção de Nossa Senhora da Guia, ali, tão perto. Depois a tropa, que vinha encher de saudades a rapaziada, pouco habituada a deixar o torrão natal. O regresso... e tudo estava tão igual - o areal, a ponte, o rio, a avenida...
Foi essa a Ponte de Lima que eu senti, que me apaixonou desde que aprendi a olhar à minha volta. É esta a terra que, sendo nossa, queremos sempre assim, tão bonita, para a oferecermos aos outros.
Este livro não pretende mais do que mostrar um pouco da sua beleza e, se não o consigo totalmente, para mais não me chega a arte e o engenho; pois esta terra, mais do que um simples olhar que se fixa num momento, sente-se, com aquele sentimento que só os poetas sabem transmitir. Que os vindouros não nos possam culpar por termos deixado perder irremediavelmente este tesouro; que o progresso seja harmonioso e nunca tão falso como aquele que destruiu as muralhas e as torres da ponte» (nota de abertura da obra da autoria de Amândio de Sousa Vieira)