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«Era uma vez um rio que em tempos idos nasceu em terras galegas e que uma centena de quilómetros depois se espraiou por terras minhotas onde, na beira de um mar de insondáveis mistérios, se misturou com as águas agrestes do Oceano Atlântico. É um rio de memória pois, do alto da vetustez da sua existência, encerra histórias de homens e de nações, de lutas contra a fome, a desgraça, a desigualdade e a opressão e guarda no suave deslizar das suas águas, as marcas da criação e da evolução milenar a pontos de, ao atingir a Ribeira Lima, as suas margens serem a imagem de uma natureza sempre em festa. Foi desta maneira que Ramalho Ortigão se expressou nas páginas de "As farpas" e assim o pensou Ferreira de Almeida quando escreveu ser a Ribeira Lima "uma mancha de grande sedução, capaz de regalar os olhos não só de geógrafos e dos analistas dos fenómenos antropológicos" mas também de todos aqueles que apreciam a simbiose entre a biodiversidade e a construção dos espaços modelados pelo homem. Opinião semelhante tinha Mário Gonçalves Viana, para quem o Rio Lima estava sempre em festa, porque ali há sempre mais sol e mais luz, para além de ser um espaço onde o casario das aldeias se casava, na perfeição, com as terras cultivadas. (...)» - (excerto retirado do primeiro volume da obra)