De acordo com a primeira edição (1888).

"O movimento de «Os Maias» é temporal. É o tempo que decorre neste romance, não a acção: as personagens envelhecem realmente. Quando Afonso da Maia cai para sempre no jardim do Ramalhete é um velho, muito mais velho do que nas primeiras páginas do livro. Mas o que afirma melhor esse correr do tempo é o facto de o romance não ser comandado, como em »O crime do padre Amaro» ou em »O primo Bazilio» pela linearidade da intriga. Há muitas cenas nos Maias que poderiam ser omitidas sem que a verosimilhança fosse prejudicada. A própria interpretação dos dois planos, o psicológico e o de costumes, favorece esse andamento natural, verdadeiramente romanesco. Tudo quanto diz respeito à Gouvarinho, ao Dâmaso, à vida do Ramalhete, aos seus frequentadores habituais: o Marquês, o Steinbroken, o Taveira, O Vilaça, o Craft, D. diogo, etc., a Alencar, à Cohen, completa o quadro romanesco, enche o tempo do romance sem ser directamente preciso à acção". (João Gaspar Simões, In «Eça de Queiroz: o homem e o artista». Ed. Dois Mundos, 1949, pp. 536-537)