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«Da poesia não pode dizer-se que esteja aqui ou ali, que seja deste ou daquele modo, nem talvez que seja deste ou daquele tempo, porque, sendo inefável, não se cabe em nenhuma definição redutora. É verdade que podemos arriscar leituras, tendências, propostas, mas sem as absolutizarmos ou tomarmos a parte - qualquer parte - pelo todo.
O que dizer então desta "PoÉtica"? Que sendo formal não se encerra na forma? Que sendo eminentemente lírica não menospreza o quotidiano? Que sendo emoção (poética) (se) constitui também (como) uma ética? Que é pensamento e emoção? Que sendo lingua(gem) intencional é ainda pensamento e pensamento crítico? Que sendo palavra pensada é, porém, desafio à ação? Que sendo previsível (em alguns casos) é capaz de fazer brotar a surpresa?
Talvez a novidade desta "PoÉtica" resida na tensão dialética que as antinomias esboçadas desencadeiam no leitor competente e inteligente. Talvez corra, para muitos, à margem, em contra-corrente(s). E nisso ou por isso, em tempos de modas e de modos comuns, talvez mereça a nossa atenção redobrada. Viva esta "PoÉtica"...» - (texto de João Manuel Ribeiro retirado da contracapa do livro)