Seta despedida / Maria Judite de Carvalho . - [Lisboa] : Associação Portuguesa de Escritores, 2001 . - 123 p. 21 cm . - (Biblioteca Prestígio; 10) . -
«Ouviu a voz do pai, de máquina em riste: - 'Vou disparar'.
A voz estava perdida no tempo, mas ele ainda a ouvia às vezes, quando não esperava, quando não estava a pensar nisso. 'Vou disparar'. Disparar como se a fuzilassem. Ela, encostadinha a uma árvore de um jardim qualquer, e, na sua frente, o pelotão de execução, melhor, o fuzilador. A palavra existiria, fuzilador? E havia no seu peito um pequeno receio duro e doloroso de fim, depois de uma ressurreição sem glória, porque nem a morte nem a vida eram importantes. 'Pronto, fica como ficar', disse o pai, aborrecido, e sentou-se no banco, perto da árvore. A mãe apertou o casaco contra o peito e disse: 'Começa a estar frio'. Mas, de súbito, duvida, pensa: seria a mãe ou a outra? Qual delas teve frio na tarde da fotografia? E o tempo foi passando. Seta despedida não volta ao arco.» (sinopse retirada da contracapa da obra)
8481303402
Literatura portuguesa - romance / 869.0 /

D - 75.2.20